quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Odeio o Natal

Não posso estar aqui a escolher as palavras ou a usar eufemismos, porque a verdade é que a quadra natalícia me deixa deprimida. Por muitas razões... A 1ª de todas é que desde muito cedo (os meus 12 anos) fui o pomo da discórdia no Natal; os meus pais separaram-se e o Natal passou a ser vivido de maneira angustiante. Tinha que me dividir e sabia que a minha mãe não era apologista dessa divisão. Agora, anos volvidos, o problema é o mesmo mas com proporções maiores. Senão vejamos: o Natal é o jantar de 24 e o almoço de 25, eu tenho 1 mãe e 1 pai separados. A juntar a isso tenho 2 filhas e um companheiro que também quer estar com os seus. Feitas bem as contas, não há refeições que cheguem para que possamos estar com todos. E isso entristece-me.
A seguir, o meu ódio de estimação passa pela "miraculosa" transformação das pessoas. Tudo está em harmonia, é Natal, Jesus nasceu, queremos fazer o bem, e todos os outros lugares comuns... E isso é uma treta porque findo o Natal, lá estão todos a atropelarem-se uns aos outros! A não quererem saber de mais nada senão do seu próprio umbigo.
Por fim, analisando friamente a quadra, tudo se resume a uma palavra: consumismo. Desenfreado. O Natal é sinónimo de presentes e ponto. Não me interpretem mal, eu também acho que se devem dar umas lembranças às crianças. Mas o estado da nação não está propício para despesas supérfluas. A cada dia que passa surgem novos dados que me assustam: por exemplo, o número de sem-abrigos é esmagador e ameaça subir. E quando me dá aquele impulso feminino de fazer compras, relembro essas pessoas que, seja dia, seja noite, não têm um tecto, não têm família, não têm comida.
Por isso, agradeço de coração o melhor presente que poderia ter: a minha vida e tudo o que nela se inclui.

4 comentários:

  1. Marta, eu tb odeio o Natal! Só que. estou a fazer um esforço enorme para transformar o Natal, na celebração de tudo o que foi feito com amor durante um ano. Natal é abraçar os meus pais, irmã e cunhado. É sorrir para eles com a lagrima no olho. Natal é amar o meu marido e filho. Natal é fazer uma festa aos meus caes e deixa-los dormir no tapete da sala sem me importar de o ter de aspirar novamente. Natal é dar uma prenda ao meu filho no dia 25 de manha e dizer que o amo e me orgulho dele. Natal é no dia 24 ir ao hospital alegrar familias que não têm o presente perfeito: SAUDE.
    Natal é após o dia 26 continuar a ter prendas de amor e saude dos meus pais, irma, marido, cunhado, sobrinhos e filho. Natal é ter isso todos os dias.

    E da mesma forma que celebramos o nosso dia de aniversario para, juntamente com os que mais nos amam, agradecer tudo de bom na nossa vida, uso o "Natal" para celebrar, mais uma vez, a alegria de estar aqui, bem acompanhada, e de acompanhar os outros.

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  2. Se já tinhamos coisas em comum, acabaste de mencionar outra que para variar tambem me é muitoooo familiar.

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  3. Bem, não me sinto tão estranha, afinal não sou a única a não gostar desta quadra. Tenho o vosso exemplo e posso tentar transformar o Natal em algo positivo. Mas fico sempre triste porque não posso abraçar os meus pais em conjunto...E fico desolada porque não consigo mudar a dura realidade de algumas pessoas.

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  4. Minha querida:
    Não vou dizer que odeio o Natal, porque é a data em que Jesus nasceu.Agora aquilo em que o Natal foi transformado é que me aflige.Estou sempre ansiosa para que essa data passe.
    Agora quanto às prendas, já este ano tomei a minha resolução: se devo algum favor a alguém, aproveito a ocasião e levo um mimo.Avisei que a maré não está para gastos só porque é Natal.
    Os publicitários são pagos para nos bombardearem com ideias e parvo é quem as segue. Dei às crianças e aos meus pais e ponto final.Faz o mesmo.
    Beijinhos
    Mamã

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