quarta-feira, 8 de junho de 2011

O meu PAI

Como qualquer outro ser humano, o meu pai terá defeitos mas as suas qualidades são bem patentes nesta história (da vida real) que aqui conto.
Todos os dias falamos ao telefone e, num desses telefonemas, o meu pai confidenciou-me que estava muito abalado. De imediato, perguntei-lhe o que o estava a incomodar. Frequentador assíduo do Pingo Doce da sua área de residência, reparou num pedinte, novo, educado e até nem tinha mau aspecto. O rapaz frisou que não queria €, mas tão-somente algo para comer. O meu querido pai, com o seu gigante coração, depressa lhe disse para entrar com ele no supermercado mas o rapaz não queria por já ter sido posto fora. Ora como a teimosia também consta das qualidades (ou defeitos?) do meu pai, o rapaz entrou mesmo. A ordem do meu pai dirigiu-se à secção das refeições: disse para lhe darem todos os dias o almoço e ele pagaria essa despesa. Os funcionários acederam ao pedido/ordem. Disse-me o meu pai que estava uma pilha, ai de alguém que tentasse pôr o rapaz dali para fora, mas isso não aconteceu. O rapaz ficou muito agradecido. Depois, conforme o combinado, no final da semana lá foi o meu pai pagar os almoços mas o rapaz tinha desaparecido. Veio a bomba: no supermercado contaram a vida amarga deste jovem de 25 anos. Tinha emprego, casa, uma vida mediana mas estável. Perdeu o emprego e isso foi o começo do fim. Perdeu tudo, até a casa. Andava na rua e teve a sorte de se cruzar com um bom samaritano. Mas isso não bastou e, o rapaz, suicidou-se. Como é de se esperar o meu pai ficou muito incomodado e ainda está a digerir isso.
Mas, no meio desta tragédia, fica uma certeza da qual nunca tive dúvidas: o meu pai tem um grande coração. Amo-te Pai.